janeiro 2021

Tal como acontece numa relação de negócios, a manutenção e a expansão das atividades e projetos no Terceiro Setor depende de laços profissionais e de confiança que se desenvolvem a partir de resultados sólidos. Depois de um ano especialmente desafiador, como foi 2020, a Agência do Bem tem grande orgulho de renovar suas parcerias, algumas de longa data, outras mais recentes, mas todas fundamentais para o desenvolvimento de ações que já somam 15 anos de impacto.

Cada patrocinador que acompanha e incentiva o trabalho da Agência do Bem precisa lidar com os seus próprios desafios institucionais, o que não reduz seus olhares atenciosos quanto às questões sociais. É por isso que a cada ano que é selecionada pelos ideais e efetividade dos seus projetos, a Agência do Bem passa a ter em suas mãos a responsabilidade, recebida com grande entusiasmo e satisfação, de aplicar essa confiança nas suas iniciativas e esforços para o bem coletivo.

Num outro campo desta relação há uma engrenagem composta por uma série de trâmites e regras que se repetem anualmente, e que regem cada etapa até que os recursos aportados pelos patrocinadores sejam efetivamente aplicados na execução dos projetos, o que envolve a mecânica das Leis de Incentivo Fiscal, com seus processos subordinados à Secretaria Especial de Cultura, vinculada ao Ministério do Turismo.
Mas para haver a efetiva utilização desses recursos, antes é preciso que o rito de análise do projeto esteja completo, sendo este composto por várias etapas desde a aprovação até a liberação do saldo captado. Quanto maior for o tempo à espera dessa análise, feita pelos órgãos públicos, maior o impacto no cronograma de atividades das organizações.

A Agência do Bem, por exemplo, já está com o seu projeto aprovado desde outubro de 2020, além dos recursos captados, porém continua sem ter acesso a essa verba enquanto aguarda procedimentos burocráticos finais que são de ordem do próprio ministério .

Diante deste cenário, a organização faz todo o possível para que sua rotina, equipe e projetos não sejam afetados por atrasos alheios à sua operação, que já chegam a exceder o dobro dos prazos legalmente constituídos para este tipo de procedimento.

Tão logo os órgãos responsáveis concluam seus trâmites internos, liberando a verba captada pela Agência do Bem, sua equipe estará pronta para investir na sociedade, colocando em prática um planejamento feito com máxima dedicação para atender e ampliar o seu público e territórios beneficiados .

Desde o mês de janeiro, as Escolas de Música e Cidadania estão recebendo inscrições para os polos do Rio de Janeiro e de outros cinco estados brasileiros. Ainda sob os efeitos e restrições causadas pela pandemia de COVID-19, o ano letivo começa mantendo o formato on-line, visando à segurança da equipe, alunos e seus familiares. Porém, mesmo após 10 meses sem contato presencial, as aulas recomeçam com base em positivos índices de aproveitamento pelos alunos, de acordo com as avaliações do ano anterior.

As aulas terão início efetivo no dia 15 de fevereiro, por meio das salas virtuais criadas pelo aplicativo Whatsapp e pela plataforma YouTube. As vagas são limitadas, e para ter acesso ao formulário de inscrição, os responsáveis devem acessar os links disponíveis no site das Escolas de Música e Cidadania, de acordo com o polo de preferência. Uma vez que o processo de vacinação esteja adiantado e os órgãos públicos de saúde decretem a possibilidade do retorno gradual às aulas presenciais, será realizado inicialmente o formato híbrido, com parte dos alunos podendo frequentar as salas de aula, e outra parte realizando o acesso remoto aos conteúdos.

A Orquestra e Coro Nova Sinfonia, uma seleção de 42 alunos provenientes das EMCs, não terá seu tradicional processo anual de audições, visando mais à frente possibilitar aos integrantes selecionados em 2020 as oportunidades e experiências de integração, rotina e espetáculos que não puderam acontecer no ano passado. Inicialmente o grupo também terá suas atividades acontecendo de maneira remota.

O site da Rede do Bem, que disponibiliza por meio de pesquisas personalizadas os dados de mais de 350 ONGs atuantes no Rio e em São Paulo, agora terá mais um diferencial. Em breve a plataforma passará a contar com a ferramenta Índice de Desenvolvimento Institucional (IDI), que medirá numericamente o potencial desempenho de projetos do Terceiro Setor. Após o preenchimento de um questionário, os usuários recebem, em tempo real e gratuitamente, a pontuação do projeto e relatórios personalizados com dicas e recomendações para o aperfeiçoamento das práticas de gestão, servindo como uma consultoria para as instituições. A ferramenta IDI estará disponível pelo endereço www.rededobem.org.br, com previsão de acesso para o fim de fevereiro.

Nesta edição apresentaremos a ONG Lar de Daniel Cristóvão, uma das selecionadas pelo Prêmio SuperAção, iniciativa da Agência do Bem para o reconhecimento dos esforços feitos por projetos sociais que atuaram no combate aos efeitos da pandemia no Rio e em São Paulo.

Fundada em 1968, a entidade atua no bairro de Jardim Sulacap e adjacências, tendo por base o desenvolvimento de ações compartilhadas de assistência social com atividades de educação, inclusão digital, cultura, esporte, lazer e meio ambiente, proporcionando também às pessoas com deficiência e suas famílias acesso a atendimentos especializados. As atividades são realizadas por uma equipe multiprofissional, com ações de caráter continuado, permanente e planejado.

Com a ação “Cristóvinho x Corona” foram elaborados protocolos para o acompanhamento dos usuários e familiares, com o respectivo monitoramento de sua situação socioeconômica e de saúde, disponibilizando recursos para minimizar os danos e desconfortos causados pelo isolamento, como espaços de escuta por meio de videochamadas, acompanhamento das demandas apresentadas pelas famílias durante o desenvolvimento das atividades técnicas e auxílio aos que possuíam dificuldades de acesso remoto, disponibilizando cópias impressas com orientações pelos profissionais responsáveis.

Também foram realizadas campanhas que possibilitaram a arrecadação de alimentos, materiais de higiene pessoal e limpeza, máscaras de proteção, repelentes, fardos de água mineral, álcool 70% e cartão-alimentação. Além disso, a instituição conseguiu manter as atividades de habilitação e reabilitação ofertadas aos usuários, ampliando o apoio às famílias.

Para conhecer mais sobre o projeto, acesse o site www.lardedanielcristovao.org.br.

Dez meses se passaram desde quando a Agência do Bem iniciou uma grande transformação em sua rotina devido à pandemia de coronavírus, com especial impacto nas Escolas de Música e Cidadania: “O mais desafiador, sem dúvida, foi a implantação de um sistema emergencial de ensino a distância acessível, considerando todas as dificuldades técnicas, processuais e psicológicas de alunos e responsáveis em um período tão difícil para muitas das famílias atendidas. Estar na EMC não significa só aprender música, mas também se relacionar com outras crianças e adolescentes em um ambiente de respeito às diversidades, de escuta e de afeto”, explica a coordenadora executiva, Patrícia Azevedo.

O fundador da Agência do Bem, Alan Maia, ressalta a rapidez da adaptação: ”Nossa equipe, em 15 dias, já havia repensado todo o desenho de atendimento dos projetos, tornando-os operacionais. Foi incrível acompanhar a agilidade e assertividade desse processo”. Dados da organização mostram que houve um índice geral de frequência de alunos muito satisfatória, bem acima dos índices relacionados às aulas escolares e dos cursos EAD em geral.

Apesar de 2021 começar ainda sob os efeitos do coronavírus, Alan destaca: “Acho que aprendemos muito em 2020. Já ajustamos nossas rotinas para a realidade da pandemia. Estamos bem seguros de tudo o que foi feito e seguirá servindo de referência enquanto durar esse período de sacrifícios”.
Apesar do distanciamento, a relação com os patrocinadores e apoiadores se manteve forte, baseada, conforme Alan explica, numa relação construída ao longo dos anos em aspectos como interação, diálogo, cumprimento de contrapartidas, demonstração de resultados e interlocução permanente com os apoiadores: “Também tivemos que repensar essa prática, mas eu acho que eles conseguiram perceber a nossa capacidade técnica e a qualidade do nosso trabalho nessa rápida e competente resposta aos desafios”.

Enquanto a vacinação não acontece, o corpo diretivo aponta que o retorno presencial das atividades dependerá do cenário epidemiológico no Brasil, e que, com base nas avaliações de 2020, está confiante de que os resultados serão ainda melhores. “Sem dúvida, temos condições de vencer. Vencemos e sobrevivemos a 2020, e certamente vamos sobreviver a 2021. Deixo aqui nossa mensagem de agradecimento a quem nos acompanha e apoia, e que todos estejam por perto, unidos, somando esforços para a luta de uma sociedade mais justa e mais saudável”, conclui Alan em nome de toda a equipe.

Mesmo com 14 anos de existência, e conhecendo de perto as dificuldades pertinentes a todo e qualquer projeto de cunho social, as Escolas de Música e Cidadania não deixaram de ser surpreendidas em 2020 pela pandemia de coronavírus e pelas tantas adaptações que ela exigiu de todo o mundo. Apesar das dificuldades e muitas adequações, estas demandadas com a rapidez necessária ao atendimento e cronograma de aprendizado, o projeto encerrou um ano desafiador totalizando 2.850 videoaulas produzidas, 45.032 visualizações pelos alunos e 2.252 horas de aulas assistidas.

Todo esse trabalho envolveu, ainda, seis concertos transmitidos remotamente pelo grupo orquestral da Agência do Bem, a Nova Sinfonia, somando mais de três horas de apresentação. Depois de tantos vídeos e aulas on-line, veio o encontro virtual que encerrou um histórico e complexo ano letivo. Alunos de todas as turmas dos 17 polos das Escolas de Música e Cidadania registraram suas interpretações da música AmarElo, composta pelo rapper Emicida.

O vídeo conta com o solo da aluna Maria Letícia, selecionada por meio de um concurso interno das EMCs, e tem a participação da Nova Sinfonia, trazendo um toque especial para a música que aborda em sua letra a resiliência e o empoderamento da população mais vulnerável e submetida a estereótipos, temas que fazem parte do universo da educação cidadã realizada pelo projeto. O registro está disponível no canal da Agência do Bem, no YouTube.

Presente em São Paulo desde 2017, a Agência do Bem possui agora novo endereço na capital. Localizada no bairro Cerqueira César, a unidade administrativa possui importância fundamental como ponto de articulação e apoio na condução dos projetos e ações locais. Além de contar com dois polos das Escolas de Música e Cidadania na região, sendo um na comunidade São Remo (Butantã) e outro em Jaguariúna, oferecendo atendimento para 150 crianças e jovens, a organização realiza fóruns de capacitação, editais e promove parcerias com projetos sociais atuantes em toda a região metropolitana, contribuindo para o fortalecimento dessas iniciativas.

Em 2020, a Agência do Bem premiou seis organizações atuantes no Rio de Janeiro e em São Paulo por suas ações sociais ao longo da pandemia de COVID-19. E durante as próximas edições traremos um pouco da realização de cada uma dessas iniciativas selecionadas pelo Prêmio SuperAção, começando pela Associação Agentes da Cidadania – Mulheres da Luz.

Atuante na região central de São Paulo, desde 2013, a associação busca promover a cidadania e a garantia dos direitos humanos de aproximadamente 300 mulheres em situação de prostituição, na região do Parque da Luz e entorno. As mulheres acompanhadas pelo coletivo, em sua maioria, têm idade acima de 40 anos, moram em bairros distantes, possuem baixa escolaridade e dificuldade de acesso às políticas públicas, sendo atendidas por meio de voluntários compostos por psicólogos, neurologistas, assistentes sociais, pedagogas, enfermeiras, médicos clínico-gerais e uma advogada.

Durante a pandemia, a ONG realizou a ação “Luz no fim do túnel”, oferecendo às beneficiadas atendimento psicológico a distância, apoio no cadastro para obtenção do auxílio emergencial, distribuição de cestas básicas, produtos de higiene pessoal e limpeza, máscaras de proteção, cartilhas informativas de prevenção à COVID-19, cobertores, roupas, calçados e fraldas. Além disso, iniciaram um projeto de incentivo à produção de máscaras, sabonetes e sabão em barra, estruturando um espaço para a realização dos cursos e produção dos itens. As alunas contaram com ajuda de custo durante todo o processo de aprendizado, e as peças resultantes foram vendidas por meio da organização, buscando criar autonomia na preparação e venda dos produtos, e incentivando as beneficiadas a replicarem o ensino para outras mulheres.

Conheça a ONG em: www.mulheresdaluz.com.br.